Encontrei esse papel amassado, com um poema impresso, que escrevi quando devia ter uns 8 ou 9. Comic Sans ainda era moda.
Lembro que escrevi à mão mesmo. Só fui passar pro computador mais tarde, quando tava aprendendo a usar, no que minha mãe tinha no trabalho.
Lembro até das cores: título em rosa, texto em roxo, mas a impressora não era colorida. Tudo bem, o importante tá registrado.
Dobrei, e deixei em algum lugar, devo ter dado de presente aos meus pais, porque quando fiz essa foto, tava junto na caixa de receitas da minha mãe.
Hoje, vejo que mostra muito da minha essência, pra ter escrito (e pensado) assim tão nova. Alguns pontos me chamaram atenção:
As diferenças mais importantes, as quais optei por citar, na minha visão de criança, foram apenas idade e cultura. Quem dera fosse só isso!
Ao mesmo tempo, lembrei de pontuar que são as diferenças que dão sentido à vida. É, a mania de ver os dois lados, de chamar atenção para o positivo, e tentar tirar aprendizado até das adversidades, já vem de tempos.
As estrofes, bem marcadas e pontuadas, como há pouco tempo devia ter aprendido. Que bom que com mais tempo aprendi que na escrita posso ser livre. Ser poesia e rima sem regras, seguindo apenas a minha intuição.
E claro, o principal, que é pensar no coletivo e viver lado a lado. Tão importante e que faz tanto sentido na situação que estamos passando.
Aproveito e faço uma observação final: furacões passam, esse também vai passar.
Encerrar ciclos envolve muitos sentimentos. Gratidão pelo que passou, e dúvidas sobre o que está por vir. A formatura é um destes momentos em que passa um turbilhão de lembranças em questionamentos em nossas cabeças.
É a celebração da superação de um desafio em comum, que foi aceito por cada um dos formandos, há alguns anos atrás. Comemoramos o alcance de um mesmo objetivo, sonhado e batalhado em diferentes situações de vida. A escolha foi duvidosa, o caminho não foi fácil, mas é a superação dos desafios que nos fortalece.
Por exemplo, eu sempre vi o discurso de um orador de turma, como um momento importante, mas nunca havia me imaginado exercendo essa função. Inclusive, no semestre anterior ao da minha formatura, enquanto eu assistia à colação de grau do curso de Ciências Contábeis da UNISC, onde estavam se formando muitos dos amigos que fiz nesta instituição, eu imaginava que dali a seis meses, seria eu. Porém, naquele momento, eu tinha certeza de que eu não teria coragem para falar especificamente como oradora, pois não deveria ser nada fácil estar na frente dos colegas, mestres, familiares e amigos, para falar sobre a conclusão de uma etapa, na qual todas essas pessoas foram importantes e acompanharam o desenvolvimento de perto.
Eis que a vida dá voltas, os desafios surgem e, no dia 27 de agosto de 2017, me vi lá, com a tarefa de falar justamente para todas essas pessoas… E continuo achando que não é fácil!
Acredito que as oportunidades surgem em nossas vidas para nos instigar a melhorar, para nos desafiar e fazer com que superemos nossos medos. E a formatura só é possível por conta de uma sucessão de oportunidades que nos desafiaram, e que aceitamos enfrentar.
É isso que o ingresso na vida acadêmica faz: nos desafia! É um grande e importante desafio, repleto de outros pequenos e cotidianos desafios. Desde o início, passamos a vivenciar diferentes condições que nos estimulam a melhorar nossa forma de agir e de pensar. Nos fazem sair de nossa zona de conforto.
Quantos de nós pensaram que não conseguiriam realizar um curso de graduação, seja por falta de tempo para estudar e passar no vestibular, ou por não conseguir conciliar a rotina com outros afazeres, ou ainda, por dificuldades financeiras. São motivos corriqueiros, que fazem com que muitas pessoas tenham que abrir mão do sonho. Depois, quantos de nós tiveram dificuldade em disciplinas, naquelas clássicas do curso que amedrontam a todos. Quantos não passaram dias e noites a fio, quebrando a cabeça para ajustar a rotina aos períodos de estudo, realizando trabalhos e, frequentemente, dormindo muito pouco. Quantos de nós ficaram em dúvida quanto ao tema do trabalho de conclusão, e desafiaram seus próprios receios para apresentar o resultado final perante à banca avaliadora.
Estes são apenas alguns exemplos de desafios que muitos de nós, se não achamos que não conseguiríamos, pelo menos sabíamos que não seria fácil. Realmente, mais uma vez, não foi fácil, mas também não foi impossível. E foi tão possível, que hoje estou aqui! Sabemos que são desafios que foram superados, e que muito contribuíram para o nosso desenvolvimento acadêmico e profissional.
Em meio a isso, gostaria de fazer um apelo, a mim mesmo, e à todos que se identificam com esse sentimento, para que levemos como uma missão daqui para frente: basicamente, pedimos para que LEMBREMO-NOS. Lembremo-nos de duas coisas, em especial:
Primeiramente, de nosso FUTURO, de continuar aprendendo, para continuar tentando melhorar sempre. Para mantermos a disciplina das classes profissionais, e o alto nível de ensino e formação das instituições. Para buscarmos, cada vez mais e de melhor forma, repassar o nosso conhecimento a quem dele necessite, considerando a amplitude e constante ascensão do mercado contábil. Para assim, lutarmos para melhorar a situação de nosso país, enfrentando desafios com sabedoria e prezando por uma atuação condizente com os princípios éticos, ao mesmo tempo em que executamos nossas tarefas com eficiência.
Além disso, pedimos para que lembremo-nos também, de nosso PASSADO. Para que durante todos os dias daqui pra frente, não nos esqueçamos de lembrar o que vivemos para chegar até aqui. Lembremo-nos dos mestres que nos orientaram, dos colegas que dividiram conosco as angústias e alegrias que passamos durante a graduação, dos familiares, amigos e de todas aquelas pessoas que nos apoiaram, incentivaram, inspiraram e assim, nos ajudaram a seguir em frente, para hoje estarmos comemorando esta conquista, pois a estas pessoas devemos nosso maior agradecimento. E principalmente, lembremo-nos de que não foi fácil, mas que não foi impossível, tanto que superamos o desafio de alcançar nosso objetivo.
Destaco estas duas grandes riquezas da vida, as quais precisamos sempre lembrar: o futuro e o passado. E em meio a essa relação, surge a dúvida sobre o presente. E quanto à ele, gostaria de deixar uma frase que gosto muito, de Chico Xavier, que diz ‘crê em ti mesmo, age e verás os resultados. Quando te esforças, a vida também se esforça para te ajudar’. E é realmente isso: enquanto lembramos do futuro, e do passado, devemos acreditar em nós mesmos, e agir. Dedicar nossos maiores esforços para o pleno desenvolvimento do agora.
Nós precisamos viver o presente, aproveitar e tentar tirar o melhor de cada momento, para que sejamos melhores a cada novo futuro que passarmos a viver, e lembremos de cada vez mais conquistas que realizamos no passado. Como justamente a comemoração pela formatura, que é a coroação da superação de vários desafios de cada um de nós, e que amanhã, vamos apenas lembrar.
Por isso, vamos viver e celebrar os momentos, da forma mais plena possível, para que cada presente se torne uma de nossas melhores lembranças do passado, no futuro.
* escrito com trechos do meu discurso de formatura, como oradora da turma de Ciências Contábeis, realizada em 27/08/2016 na Universidade de Santa Cruz do Sul.
É julho outra vez, mais um ano passou voando, e de novo chegou meu dia, o preferido no mês. Passadas mais quatro estações, tanta coisa já se viu, primavera floriu, verão radiante sorriu e o outono com aconchego, trouxe histórias e partiu. O inverno tomou seu lugar, e todos os lugares por aqui. Mais um aniversário, mais um ano que vivi. Vim em julho, vivo em tudo, vi e vejo em tudo a vida. Cada passo e cada traço à procura da medida, marco a cena, guardo o som, ponho a alma em pensamento. Retalhos do que passou, testemunhos em frações, são lembranças de bons momentos.
Em julho me fiz, e fiz alguma mudança desde então. Fiz um pai e uma mãe, fiz um novo coração, um novo gesto de sentir, um novo modo de viver. Cada filho é uma missão, tantas coisas para ensinar, outras tantas para aprender, imagino quantas dúvidas para um caráter formar e criar um novo ser. É bom pensar nisso e refletir, que nada acontece em vão, é tudo aprendizado, faz parte de uma missão.
Todo ano, desde então, é em julho que me faço. Em cada abraço, renasço, em cada bom sentimento, um laço. É quando aquele balanço para fechar o ciclo eu faço, típico de reveillón. E não deixa de ser assim, ano novo, renascimento… é um novo ano que começa pra mim. Tenho muito o que aprender, a refletir e a melhorar, preciso observar o positivo e me inspirar. Continuo renascendo, vendo, vivendo e aprendendo. E assim quero continuar, ano após ano, tentando melhorar, para que a cada novo inverno, eu tenha mais histórias e amigos para contar, momentos para registrar e motivos para comemorar!
Lembro-me de quando, na escola, aprendia sobre escrever. Textos, tipos, nomes, uma infinidade de saber. Gostava do que a professora ensinava, e as tarefas fazia. Formar frases, elaborar histórias, tantas formas existiam. Estrofes, por um bom tempo, foram as minhas preferidas, queria fazer poesia.
Mas com o tempo aquilo tudo foi ficando tão condicionado ao padrão. Frases precisavam de sujeitos, tempos, modos corretos… Aquela era a forma certa, o resto, não. Ativos e passivos, que hoje aplico mais em números do que em palavras. Presente, passado, e até pretérito, tanta coisa se falava. Não sei nem qual é o perfeito, quem me dera o mais que perfeito. Só sei que assim o tempo não sobrava, nem pra pensar na poesia, nem pra lembrar que eu rimava.
Até mesmo quando a tarefa era justamente rimar, regras eu precisava seguir. A segunda com a quarta linha, e no fim o que saía era qualquer ideia, menos a minha. Correção sobre correção, palavras substituídas, e já não era mais o que eu havia dito na primeira vez. Era o que a professora achava melhor, e eu pensava “porque ela mandou que eu fizesse, e antes não fez?”.
Claro que hoje eu entendo que seu trabalho era mostrar a regra aos aprendizes, mas o resultado final, parecia que nem era mais meu, como da flor ter tirado as raízes. Como buquês de flores mortas, que são estruturadas de forma que a sociedade ache conveniente, mas por dentro sem vida, não mais toca e nem sente. Queria brincar com as palavras, com os sentidos que elas remetem. Não apenas ao óbvio, mas ao que elas refletem. Não é preciso rima, para poetizar. Não é preciso regra, para encantar. É simplesmente fazer sentir, apenas tocar.
Queria poder rimar amor com elefante, e ainda assim ser impactante. Ainda assim, ser poesia, ser rima, seguindo o mesmo compasso. Hoje sei que posso, e faço. Eu comando o que escrevo. E digo tranquilamente, não só posso, devo. E como chamo isso? Não quero me deter a estrofes ou sentenças de rimas. Quero contar sem contenção, falar sem padrão e não perder a emoção.
Conto, crônica, prosa, poesia… Uniões antagônicas que podem se completar. Palavras dispostas de forma harmônica, seguindo a doce regra de tocar. Não sei classificar, prosa poética talvez, mas é difícil rotular. Poesia crônica! É assim que vou chamar. Se existe este termo eu não sei, mas acho que aí está uma maneira interessante para expressar.