Renascer para melhorar

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É julho outra vez, mais um ano passou voando, e de novo chegou meu dia, o preferido no mês. Passadas mais quatro estações, tanta coisa já se viu, primavera floriu, verão radiante sorriu e o outono com aconchego, trouxe histórias e partiu. O inverno tomou seu lugar, e todos os lugares por aqui. Mais um aniversário, mais um ano que vivi. Vim em julho, vivo em tudo, vi e vejo em tudo a vida. Cada passo e cada traço à procura da medida, marco a cena, guardo o som, ponho a alma em pensamento. Retalhos do que passou, testemunhos em frações, são lembranças de bons momentos.

Em julho me fiz, e fiz alguma mudança desde então. Fiz um pai e uma mãe, fiz um novo coração, um novo gesto de sentir, um novo modo de viver. Cada filho é uma missão, tantas coisas para ensinar, outras tantas para aprender, imagino quantas dúvidas para um caráter formar e criar um novo ser. É bom pensar nisso e refletir, que nada acontece em vão, é tudo aprendizado, faz parte de uma missão.

Todo ano, desde então, é em julho que me faço. Em cada abraço, renasço, em cada bom sentimento, um laço. É quando aquele balanço para fechar o ciclo eu faço, típico de reveillón. E não deixa de ser assim, ano novo, renascimento… é um novo ano que começa pra mim. Tenho muito o que aprender, a refletir e a melhorar, preciso observar o positivo e me inspirar. Continuo renascendo, vendo, vivendo e aprendendo. E assim quero continuar, ano após ano, tentando melhorar, para que a cada novo inverno, eu tenha mais histórias e amigos para contar, momentos para registrar e motivos para comemorar!

Poesia crônica

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Lembro-me de quando, na escola, aprendia sobre escrever. Textos, tipos, nomes, uma infinidade de saber. Gostava do que a professora ensinava, e as tarefas fazia. Formar frases, elaborar histórias, tantas formas existiam. Estrofes, por um bom tempo, foram as minhas preferidas, queria fazer poesia.

Mas com o tempo aquilo tudo foi ficando tão condicionado ao padrão. Frases precisavam de sujeitos, tempos, modos corretos… Aquela era a forma certa, o resto, não. Ativos e passivos, que hoje aplico mais em números do que em palavras. Presente, passado, e até pretérito, tanta coisa se falava. Não sei nem qual é o perfeito, quem me dera o mais que perfeito. Só sei que assim o tempo não sobrava, nem pra pensar na poesia, nem pra lembrar que eu rimava.

Até mesmo quando a tarefa era justamente rimar, regras eu precisava seguir. A segunda com a quarta linha, e no fim o que saía era qualquer ideia, menos a minha. Correção sobre correção, palavras substituídas, e já não era mais o que eu havia dito na primeira vez. Era o que a professora achava melhor, e eu pensava “porque ela mandou que eu fizesse, e antes não fez?”.

Claro que hoje eu entendo que seu trabalho era mostrar a regra aos aprendizes, mas o resultado final, parecia que nem era mais meu, como da flor ter tirado as raízes. Como buquês de flores mortas, que são estruturadas de forma que a sociedade ache conveniente, mas por dentro sem vida, não mais toca e nem sente. Queria brincar com as palavras, com os sentidos que elas remetem. Não apenas ao óbvio, mas ao que elas refletem. Não é preciso rima, para poetizar. Não é preciso regra, para encantar. É simplesmente fazer sentir, apenas tocar.

Queria poder rimar amor com elefante, e ainda assim ser impactante. Ainda assim, ser poesia, ser rima, seguindo o mesmo compasso. Hoje sei que posso, e faço. Eu comando o que escrevo. E digo tranquilamente, não só posso, devo. E como chamo isso? Não quero me deter a estrofes ou sentenças de rimas. Quero contar sem contenção, falar sem padrão e não perder a emoção.

Conto, crônica, prosa, poesia… Uniões antagônicas que podem se completar. Palavras dispostas de forma harmônica, seguindo a doce regra de tocar. Não sei classificar, prosa poética talvez, mas é difícil rotular. Poesia crônica! É assim que vou chamar. Se existe este termo eu não sei, mas acho que aí está uma maneira interessante para expressar.

Eterno brilho fugaz

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Há tanto que discorre
E o tempo parece que passa
Mas o relógio não corre
Se arrasta, se gasta
Nos gasta e desgasta
Por tudo que ocorre

Pelo que chegou
Pelo que brilhou
Lindo foi, marcou
Mas se foi, e nos deixou

Tanto se passou
Em tão pequenino tempo
Mas com tão grande amor
Que não sairá da lembrança
De quem sentiu seu calor

Para acalmar a dor
Fica a recordação
Da imagem pura e serena
Daquela face pequena
Que nos encheu de alegria
Trouxe união
E mais harmonia

Ainda virá a calmaria
Aos aflitos corações
Convertendo em boas energias
Nossas tristes emoções